30 de maio de 2008

OS BARDINOS EM FESTA





No passado dia 10 deste mês de Maio, o grupo juntou-se num jantar, seguido da assistência de uma peça de teatro, o que já tinha alguma tradição e que já há algum tempo não se realizava. Este jantar, como manda a tradição, é aberto excepcionalmente a todas as consortes (ou sem sorte) dos bardínicos, o que só acontece mais uma vez no ano, por altura do jantar de Natal.

Devido a este facto, e excepcionalmente também, o jantar teve lugar fora do local do costume, ou seja, Paço de Arcos, mas tradição é tradição!

Teve o repasto lugar n'"A Tasca do Zé Maria", localizada no Alto de Santo Amaro, em Alcântara, paredes meias com o local onde se assistiu à peça teatral, ou seja, a Academia de Santo Amaro.
Após o jantar assistimos todos à representação da peça "Em Busca da Revista Perdida", protoganizada pelos actores amadores do Grupo da Academia de Santo Amaro e encenada pelo nosso grande amigo Miguel Dias, numa representação com contornos de revista à portuguesa, com muita música, muitas piadas e que entreteve todos os que lotavam a sala do teatro.





Foi, na realidade, uma noite diferente e bem passada, e temos de agradecer a todos sem excepção nos terem proporcionado uma noite assim.



Obrigado e para o ano lá estaremos de novo, se assim tiver que ser.

28 de maio de 2008

PAÇO DE ARCOS E A SUA HISTÓRIA (01)


Iniciamos aqui uma série de textos soltos, ligeiros apontamentos que fomos respingando aqui e ali e que consideramos de algum interesse para darmos uma visão histórica, nas suas diversas vertentes, sociais e políticas, da vila de Paço de Arcos.

Serão textos não muito longos e esperamos não muito maçudos, que iremos publicando, sem qualquer cuidado cronológico, de autores diversos e aos quais faremos, sempre que isso nos seja possível, referência, que nos darão a todos um enquadramento histórico e principalmente social, desta vila.

Serão agrupados no tema “A História de Paço de Arcos” e no final, se o houver, teremos, na medida do possível, uma visão abrangente, discutível até em alguns casos, do que se passou nesta linda vila durante os séculos da sua existência.

Começamos, assim, com uns textos da autoria de duas escritoras, Branca de Gonta Colaço e Maria Archer, incluídos no seu livro “Memórias da Linha de Cascais” editado numa parceria A.M. Pereira, CMC/CMO. A edição é de 1943, portanto os nossos leitores ao lerem estes textos terão de os localizar nesse tempo, para a narrativa não estar deslocada.




Paço de Arcos
A antiga praia das supremas elegâncias


(Parte I)



Entre a linha-férrea e a avenida marginal, entre Caxias e Santo Amaro, alonga-se uma vila de recorte antigo a que um palácio do séc. XV deu nome e renome: Paço de Arcos.

Um povoado de fundação imemorial, minúsculo, outrora agrupado entre o agro saloio, quintas e hortas. Na época da construção do palácio haveria uns trinta fogos. O lugar mal branquejava sobre a veiga agricultada. Mas já no tempo do Marquês de Pombal a população subia a ponto de haver uma centena de fogos na aldeia.

Povoação de canteiros, de pescadores. Casario Humilde. O rio ainda no fim do séc. XIX atingia as casas que hoje ficam no centro da vila. Toda a parte da vila que se debruça sobre a avenida marginal tem uma situação de maravilha, vale por um miradouro de sonho sobre o azul do Tejo.

Passada a linha-férrea, na direcção das terras, há a encosta que domina a vila. Aí, numa posição privilegiada, Paço de Arcos vai-se alargando pelo bairro da Fonte de Maio. Arruamentos rectilíneos moradias janotas, estilo “Costa do Sol”, gosto modernista que se manifesta, claramente, na rebusca do ar, da luz, do panorama marítimo, da nota de cor dada pelas gelosias verdes e as sardinheiras vermelhas. O palacete dos Condes de Porto Covo, no alto dessa colina privilegiada, é um espécime acabado do moderno gosto urbanístico. Lembra um aduar (vivenda mourisca), construído para um árabe que tivesse feito em Paris a sua educação de bon vivant.

Paço de Arcos foi, há cinquenta anos, a rainha das praias do Tejo. Disso se envaidecia e orgulhava, pavoneando os seus pergaminhos de praia da moda com tão grande enfatuamento que parecia, mesmo, tê-los consigo desde a criação do mundo. Veraneavam ali, desde os meados do séc. XIX as famílias aristocráticas que não transigiam com a promiscuidade social. Mais tarde também se refugiavam na praia elegante todos os banhistas que abandonavam Pedrouços e as outras praias vizinhas de Lisboa, banhistas espavoridos com a invasão desses lugares pelos veraneantes da burguesia endinheirada.

Mas não tardou que Paço de Arcos também fosse invadido por essas camadas de recente lustro e tom, ansiosas de se aristrocatizarem com o trato da fidalguia. Do facto resultou a vila animar-se, movimentar-se, crescer, se não em beleza, pelo menos em tamanho. Jaime Artur da Costa Pinto, que foi um grande animador das praias do Tejo, conseguiu realizar, nessa altura, uma obra que encheu Paço de Arcos de orgulho – um parque à beira-mar e um casino à beira do parque. O casino foi inaugurado em 9 de Setembro de 1875, pelo Marquês da Fronteira. No seu edifício está agora instalada a sede social do Clube Desportivo de Paço de Arcos, casino a que tantas vezes foram príncipes e reis.






O parque tinha jeitos de jardim do género do Campo Grande de Lisboa. Servia para o passeio vespertino das beldades, que se mostravam em filas tagarelas e airosas, vestidas com os seus mais belos atavios, acompanhadas das mamãs e acolitadas pelos admiradores. Todavia, só as senhoras da burguesia se afoitavam à promiscuidade do passeio no parque. As outras, as da velha nobreza, fechavam-se em casa ou nos muros dos seus jardins antigos, curtindo nessa solidão a sua indignação e aborrecimento contra os violadores do aristocrático recanto. A cada nova família burguesa que se instalava em Paço de Arcos, aí comprava terreno e erguia casa, crescia a ira dos antigos frequentadores. Era mais uma que vinha a conspurcar o local sagrado. Partiram por isso para Cascais, formando na vila da cidadela uma outra praia da moda – e logo a burguesia rica as imitou, abandonando também Paço de Arcos por esse mesmo deslumbrante Cascais. A praia desdenhada passou então a ser preferida pelos veraneantes da pequena burguesia, que se lhe conservam fiéis e voltam todos os anos, galhardamente.



O antigo Casino de Paço de Arcos estava instalado num edifício que vemos agora, ao fundo do Parque, mostrando a sua larga varanda envidraçada. Era iluminado a gás. Uma pianista executava as valsas, as polcas, as mazurcas requeridas pela assistência. Nas quintas-feiras e domingos as noites eram de gala. Tocava nessas grandes noites um quarteto. As senhoras paramentavam-se a preceito, sendo considerado de muito bom gosto, nessas épocas, um vestido claro com saias de lã e blusa de seda.

Clube que deu brado no seu tempo. Fervilhava de intrigas, de despeitos, de mexericos. De tudo ali se murmurava – dos vestidos, dos namoros, das relações, dos parentescos, do que cada um era e do que queria parecer. Ao som das valsas enforcavam-se reputações ou garroteavam-se vaidades. Vespeiro de disputas que só o perpassar de gerações acalmou definitivamente.
in "Memórias da Linha de Cascais", de Branca de Gonta Colaço/Maria Archer, 1943


(Fim da Parte I)





20 de maio de 2008

OS BARDINOS



Meus amigos, estamos hoje a dar início a este ‘blog’, o qual pretende dar ‘a conhecer ao mundo’ a verdadeira dimensão da história e das coisas da mui nobre (digo eu) Vila de Paço de Arcos.

Há cerca de 5 anos um pequeno grupo de Paço-Arquenses (não tenham dúvida, é mesmo assim que se escreve) convictos decidiu organizar-se para recolher, mostrar e defender tudo o que possa ser considerado importante para a Vila.

Aqui poderão encontrar as linhas de conduta do Grupo Tertúlico “OS BARDINOS, as recolhas feitas, factos e imagens que fizeram a história aqui centrada, ao longo dos tempos.

A nossa intervenção será sempre pautada pela simplicidade e/ou, se quiserem, acções básicas e simplórias. Não estamos aqui para fazer, mas antes para ir pensando em fazer (síndroma alentejano?). É aquilo que somos.
Agradecemos desde já a intervenção que queiram fazer, o que só nos ajudará.





A estória (inicial)

O Grupo nasceu de uma ideia (peregrina) do João Barosa Pereira, pelos idos de 2002. Era sua pretensão juntar uns quantos paço-arquenses convictos (não mais que uma quinzena - muita gente junta não se salva, reza a sabedoria popular), para defender e promover a história da Vila e suas gentes. Neste propósito incluía-se determinada intervenção cívica em todas as frentes.

Para dar início consistente a esta ‘aleivosia’ desafiou o Fernando Reigosa, seu companheiro de antigos desvarios (coisas da juventude da época – anos 50/60), e que estaria mais ‘calhado’ para os indispensáveis aspectos organizativos.

Acordaram que, para dar verdadeiro início ás ‘hostilidades’, haveria que juntar uma meia dúzia de “indubitáveis” paço-arquenses, que partilhassem das mesmas ideias. Em contra-ciclo com as ‘determinantes’ democráticas vigentes na época, assentaram, como princípio básico e inultrapassável, que toda e qualquer decisão daí para o futuro só poderia ser tomada com a concordância de todos (sem uma voz contra).

Foram, então convidados o João Reis Lima (pelo João Barosa) e o António Castro (pelo Fernando Reigosa) que, juntamente com os dois ‘originais’, dirigiram convites ao António “Nicha” da Silva, Vitor Pestana e José Manuel Rodrigues. Estavam lançadas as bases.

Depois de diversas ‘reuniões’ de carácter informal, porque na fase embrionária do estabelecimento de ‘estruturas’ e ‘metodologias’ (vinícolas e outras), tais como designação, periodicidades e consolidação de objectivos, chegamos a Março de 2003, onde (ver acta 0), já com princípios pré-estabelecidos, se dá o real (formal) início deste Grupo.

Em genérico, o Grupo Tertúlico “OS BARDINOS, além dos princípios já enunciados (garantir e promover a preservação da história e das gentes de Paço de Arcos por todos os meios à disposição), tem por objectivo:

- homenagear anualmente, ao seu nível, uma personalidade que o Grupo entenda ter, relevantemente, elevado (ou protegido) o bom nome da Vila;

- participar anualmente, apoiando, numa actividade de carácter cultural (independentemente das interpretações da palavra);

- classificar os locais de reunião (vulgo restaurantes), os quais mandatoriamente têm que estar dentro dos limites físicos da Vila de Paço de Arcos, pelo seu desempenho na tripla vertente preço/qualidade/simpatia;

- compensar a “olímpica ‘pachorra’” das esposas, convidando-as a juntarem-se a duas das 12 ‘reuniões’ anuais, nas quais, obviamente (melhor fora), os temas de ‘trabalho’ estarão ausentes;
- e, missão central, promover por todos os meios, a divulgação da história e factos relevantes ao longo dos tempos da Vila de maior destaque no País (modesta opinião desta Tertúlia), e as intervenção e correspondente publicitação dos ‘ataques’ ás malfeitorias detectadas por qualquer dos magníficos Bardinos.

Enumeram-se agora alguns dos factos mais marcantes da vida do Grupo:
- em 2003, após sucessivas ausências, foram afastados (mais propriamente banidos) os (ex) Bardinos João Reis Lima e António Castro;

- em Janeiro de 2004, o Grupo admitiu o Bardino Rafael Ferreira, e em Junho o Bardino Mário Almeida;
- no Outono do mesmo ano foi ‘homenageado’ (em cumprimento estatutário - personalidade viva que os Bardinos considerem ter contribuído de modo significativo para o engrandecimento da Vila) o Joaquim Coutinho;

- em Maio de 2005 foi apresentado o novo Bardino Jorge Tormenta;

- no verão desse ano foi homenageado o muito querido Professor Coelho que demonstrou a extraordinária personalidade que era e uma enorme satisfação (gratidão) pela acção do Grupo;

- no início de 2006 foi apresentado o novo Bardino José Nortadas;

- em 24 de Agosto deste ano de 2006 faleceu o Bardino ‘primogénito’ João Barosa Pereira, razão pela qual foi cancelada a homenagem anual, cujo destinatário era o então Presidente da Junta de Freguesia, João Aguiam Serra. Não obstante o Grupo decidiu dirigir um convite ao então Comandante dos Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos, João Pimenta da Costa para mostrar o seu apreço àquela Instituição;

- em 2007 foram integrados dois Bardinos de vasto calibre, o Vitor Martinez e o Fernando ‘Sampaio’ Sousa (finalmente), e no dealbar do Outono foi homenageado o Carlos André, grande amigo e consistente político.

A história completa, pode ser acompanhada nas actas e outros documentos que irão estar á sua disposição, através dos tempos, neste “blog”.

10 de maio de 2008