Numa pesquisa efectuada pelo bardino Hélder Martins, transcrevemos a seguir um texto adaptado da Revista da Armada, onde é referida a importância que a nossa vila teve através dos tempos, na realização de regatas de grande importância que se realizavam aqui no estuário do Tejo.
Com a devida vénia e a devida adaptação, aqui vai o primeiro texto.
"Os primórdios da navegação de recreio no Tejo
e na sua barra"
e na sua barra"
No ano de 2007 realizaram-se regatas de grande repercussão internacional, em Valência (America’s Cup) e em Cascais (Campeonato do Mundo de Vela Olímpica). Na sequência desses acontecimentos, afigura-se interessante relembrarmos o papel pioneiro de Lisboa no surgimento da navegação de recreio em Portugal, em meados do século XIX.
Lisboa, inicialmente o Estuário e a Barra do Tejo, as Baías de Paço de Arcos e seguidamente de Cascais foram lugares pioneiros na introdução do “Iating” na Europa. É, a esse propósito, importante recordarmos que a Real Associação Naval de Lisboa (R.A.N) fundada em 1856, teve o privilégio de ser o mais antigo clube náutico da Península Ibérica, com os estatutos aprovados pelo Rei Dom Pedro V.
Abel Power Dagge, integrava o pequeno número de súbditos Ingleses residentes em Lisboa, que pela primeira vez criaram um “Sindicato”, termo ligado ao aparecimento das competições de vela. Estávamos em 1850, quando o pequeno grupo formado por Abel Power Dagge, Edward Shirley, Alex Hudson e Geo Alex Hancock aproveitou a visita ao Tejo da escuna “H.M.S Vixen” da Royal Navy, para organizar a primeira regata no Tejo. O vaso de guerra inglês serviu de pontão para o júri da “Carreira de Navios”, com percurso entre Belém, Cova da Piedade, e Rocha do Conde de Óbidos. Neste primeiro concurso, os cinco navios em competição pertenciam aos ingleses.
Em 1852 e em 1854, duas novas regatas foram organizadas com partida no Dafundo e chegada em Paço de Arcos. As provas tiveram alguma repercussão internacional, tendo a revista inglesa “London News” dedicado um artigo ilustrado aos acontecimentos.
Todavia, o grande marco institucional fundador do “Iating” em Portugal, foi incontestavelmente, a criação, em 30 de Abril de 1856, da Real Associação Naval (R.A.N) sob auspício do jovem Rei Dom Pedro V. O objectivo era de “animar a construção e navegação de Iates ou barcos de recreio e promover a distracção das Regatas em Portugal”. Contudo, só foi possível organizar a primeira regata oficial em 2 de setembro de 1858, pelo segundo aniversário da fundação da Real Associação Naval.
A prova teve lugar na Baia de Paço de Arcos e nela participou o Infante Dom Luís de Bragança na qualidade de Comodoro da R.A.N, à barra do “Veloz”, que ostentava orgulhosamente o distintivo da Associação. Curiosamente, o veleiro de recreio do Infante, construído em Lisboa, no Arsenal Real da Marinha, sobre a direcção do construtor naval Conde de Linhares, seguia o modelo doutro primeiro pequeno yacht, o “Prenda”, que lhe tinha anteriormente sido oferecido por J. Garland, A. P. Dagge e Simão Aranha. Revelador da revolução do “Iating” então em curso, os traços dos dois primeiros veleiros do Infante, então Oficial da Marinha Real Portuguesa, inspirava-se no modelo da célebre escuna “America”, do armador Norte-americano M-R-L Stevens. Seis anos após a histórica vitória de Cowes e da criação da nova Taça América, a já mítica escuna americana terá tocado em Lisboa, em 1857, na sua segunda viagem à Europa, para grande satisfação, curiosidade e inspiração dos veladores e construtores navais portugueses.
Ventos e correntes mais propícias do que no Tejo, aliadas à circunstancia do Conde das Alcáçovas, Caetano de Lencastre, Par do Reino e vice-presidente da R.A.N, veranear na Pequena aldeia piscatória de Paço de Arcos, concorreram para que as Regatas do Tejo se passassem a realizar, a partir de 1858 num percurso Paço de Arcos - Pragal - Dafundo - Caldeira de Paço de Arcos - Torre Velha da Caparica - Dafundo - Paço de Arcos.
Em 1858, conforme os anais, entra justamente pela primeira vez em competição o inovador caíque “Pet” , construído nos estaleiros “Parry and Sons” em Lisboa, para “um sindicato” constituído por J. Garland, A.P. Dagge, Simão Aranha, Martel e outros. O navio é alistado na primeira classe de Iates, de mais de 20 toneladas. A partir de desse ano, o veleiro foi adquirido por A. P. Dagge, nomeado primeiro Tesoureiro da Real Associação Naval. O “Pet”, arvorando distintivo encarnado com ovado branco, competirá novamente em Paço de Arcos durante mais de 10 anos, em 1860, 1862, 1864, 1865 e em 1867, ano em que ganhará a regata.
Da Revista da Armada
1 comentário:
bom dia,
a primeira regata foi em Setembro de 1856, tenho em meu poder o poster original, oferta da familia Dagge,
cumprimentos,
Carlos Henriques
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