10 de agosto de 2008

PAÇO DE ARCOS HOJE




O PASSEIO MARÍTIMO EM PAÇO DE ARCOS


Obras do Passeio Marítimo nas Fontainhas

Li com agrado a crónica sobre o “Passeio Marítimo”, e como já tinha sido noticiado em intervenções anteriores, vamos ter ali matéria de discussão e de comentários variados, durante bastante tempo; tenho acompanhado a obra com certa regularidade, e ontem atrevi-me a fazer a primeira incursão naquele que vai ser o traçado de Paço de Arcos até à muralha da doca da Direcção de Faróis. Entrei pelo lado do Saysa, passei na praia da Colónia Balnear, contornei o Forte das Maias e segui até à nossa praia nova. Vai ser um passeio extraordinário, disso não tenho a menor dúvida, a visão permanente dum dos mais belos estuários do mundo, vai trazer a calma e o relaxe que o nosso quotidiano tanto necessita.


Mas… há sempre um malvado mas em todos estes grandes empreendimentos. Verifiquei que em todo o percurso foi eliminada a vista da mata das Fontainhas; a própria casa do Rebelo está completamente entaipada e não se consegue vislumbrar uma simples folhinha. A minha ideia há seis meses atrás não excluía a convivência harmoniosa entre o mar e o campo, mesmo tendo assistido à construção da muralha de separação dos dois elementos. Estou certo que o futuro vai fazer dissipar este primeiro embate menos optimista, mas que aquela muralha podia ter um poucochinho menos de altura isso podia. A não ser que a alegre passagem dos utilizadores do “passeio” venha a afectar a visão dos inquilinos do parque das Fontainhas.


Fernando Sampaio


7 de agosto de 2008

PAÇO DE ARCOS EM FOTOGRAFIA (03)



Vamos hoje aqui mostrar uma última série de fotografias, que, na continuidade daquelas que já aqui mostrámos, são das mais antigas fotos a que tivemos acesso.
A qualidade não é de forma alguma a melhor, o formato também não ajuda muito, mas achamos que dentro daquela tarefa a que metemos ombros, ou seja, mostrar a nossa vila em todos os seus aspectos, estas fotos parecem-nos que têm um valor histórico considerável, pois ajudam-nos a perceber, embora às vezes com alguma dificuldade, como era Paço de Arcos há praticamente cem anos, e como cresceu, evoluíu e se modificou durante este período, ainda não tão longo como isso, de tempo.
Esta fotos mostram-nos, dentro do possível, como era a costa aqui neste lugar, com a Praia Velha de alguma forma diferente daquela a que hoje lhe damos esse nome, e mostram-nos também os primórdios do edifício dos Socorros a Náufragos.
Como aconteceu nas fotos anteriores, não temos qualquer identificação do(s) autor(es) das mesmas.


´ Praia de Banhos



Praia Velha


Praia Velha



Praia Velha



Praia Velha



À Beira Mar



Salva-Vidas



Salva-Vidas


29 de julho de 2008

PAÇO DE ARCOS EM FOTOGRAFIA (02)




Estação dos Caminhos de Ferro





Estação dos Caminhos de Ferro





Comboio no Jardim





Comboio no Jardim

28 de julho de 2008

PAÇO DE ARCOS EM FOTOGRAFIA (01)





Palácio dos Arcos (Foto António Passaporte)


Vamos aqui iniciar a publicação de um albúm de fotos de Paço de Arcos, das mais antigas que conseguimos obter até às imagens da actualidade.

Temos a perspectiva de, não só mostrar como era a nossa vila nos principios do séc. XX sem quaisquer resquícios de saudosismo, mas sim com aquela curiosidade que todos temos em saber "como era...", como também como ela hoje se nos apresenta, sem qualquer intenção critica, mas apenas com a vontade de mostrar como está Paço de Arcos hoje.

Aqui ficam então, numa rúbrica que terá como tema "Paço de Arcos em Fotografia" e que irá aparecendo conforme as disponibilades que vamos tendo em relação ao acesso às fotos, as primeiras fotos da nossa vila.

Dentro das nossas possibilidades e desde que as fontes nos sejam acessiveis, indicaremos o(s) autor(es) das fotos e a sua respectiva legenda.

Fazemos daqui um apelo a quem nos está a ler e que possua material fotográfico sobre a nossa vila e que esteja dispoto a disponibilizá-lo para publicação aqui no blog, que apareça nos comentários que aparecem no final do post e nos diga da sua intenção e nós daremos os nossos contactos.


Foto António Passaporte
















Todas as Fotos: Rua Costa Pinto


27 de julho de 2008

PAÇO DE ARCOS HOJE


Foto Nana Sousa Dias

Iniciamos hoje um conjunto de colaborações dos nossos Bardinos que, esperamos, se vão estendendo ao longo da existência deste blog.

Estas colaborações da Bardinagem irão focar o dia-a-dia da nossa vila e os seus olhares mais ou menos criticos sobre os acontecimentos, as obras, as coisas boas, e também as menos boas, que vão por cá acontecendo.

Assim o primeiro texto é do Fernando Reigosa e tem como tema o novo Passeio Maritimo que está a chegar a Paço de Arcos.


"O PASSEIO MARÍTIMO EM PAÇO DE ARCOS..."

.....vai devagar, mas está a ir, e está, definitivamente, a ficar lindo.

Já é possível calcorrear toda a extenção desde o Forte de S. João das Maias até á praia de Paço de Arcos.

Nota triste e que se espera vir a ser competentemente corrigida, é a extrema degradação em que se encontram os equipamentos do Forte vistos do lado do mar, e, consequentemente agora também do passeio marítimo, bem mais perto, logo com toda a minúcia.

Em contrapartida, e muito embora ainda não se percebam com exactidão algumas das soluções do percurso, existem áreas onde se pode constatar já a extraordinária beleza de algumas delas. São dois os exemplos a recomendar um olhar avaliador.

Todo o muro de pedra que ‘protege’ o passeio do lado da marginal está a ser forrado com xistos negros, também organizados em muro, com, aqui e acolá, umas saliências de pedra branca calcária que conferem ao todo um aspecto lindíssimo.

A outra compenente que vale a pena contemplar, embora com maior dificuldade, são os enormes blocos de granito com que se está a construir um alto muro de protecção do lado mar. Garantidamente faz uma parede de grande beleza, quase se diria natural. Este muro não acompanhará (ao que parece) toda a extensão do passeio em construção, mas é deduzível que pelo menos em duas vastas localizações não contíguas tal aconteça.

Por compreender com exactidão no desenvolvimento da obra (o troço que ligará a praia de Paço de Arcos ao início do troço seguinte em frente ao Restaurante Mónaco) está o modo como serão ‘atravessadas’ as instalações da Direcção de Faróis e do Instituto de Socorros a Náufragos, de um percurso marítimo, que se ‘exige’ com mar à vista, e de perto, tanto quanto possível.

O que não suscita qualquer dúvida é o facto de esta obra constituir também, e sobretudo, para Paço de Arcos um enorme benefício, qualquer que seja o ângulo em análise. A extraordinária beleza desta costa vai ficar bem mais evidenciada e visível, e, sem dúvida bem mais visitada, o que até pode não constituir vantagem.

Façam o passeio. São condições mandatórias maré vazia, para poder entrar pela praia em Paço de Arcos, e calçado cómodo.

OS BARDINOS - QUEM SOMOS!


Estivemos ausentes durante algum tempo devido a situações várias. Pedindo desde já desculpa a todos pelo acontecido, voltamos a partir de hoje ao contacto com todos os interessados e esperamos que de uma forma o mais regular possível.


Posto esta justificação que se tornava indispensável, vamos hoje dar a conhecer a Bardinagem: quem somos e o que somos neste grupo, num breve texto de apresentação.


Aqui estão "Os Bardinos", apresentados por ordem cronológica de adesão ao Grupo.



João Barosa Pereira

Carinhosamente recordado como o primogénito uma vez que foi dele a ideia original. Grande ‘motor da implantação’ do Grupo.


Fernando Reigosa Jorge

Secundou o primogénito, organizando e estabelecendo as ‘bases funcionais’. É (tem sido) o homem do aparelho.


João Luis Reis Lima

Estava destinado a ser o primeiro ‘peso pesado’ do grupo por ter sido uma figura emblemática da Vila. Desistiu por razões ainda hoje pouco claras.


António Manuel da Almeida e Castro

Outro ‘peso pesado’, igualmente figura emblemática de outrora, com tudo para singrar num Grupo destas características, mas que entendeu abandonar.


António José Dias da Silva (Nicha)

Quase se diria que dispensa apresentação. Transformou-se rapidamente na alma do grupo. Político e amigo, nunca descura a visibilidade d’Os Bardinos. Uma adesão valiosíssima.


Vitor Manuel Rodrigues Pestana

Personagem admirada pelo primogénito, foi convidado a aderir praticamente no início pelo seu percurso no CDPA e junto da ‘rapaziada’. É o ‘rezingão’ do Grupo.


José Manuel Rodrigues

Também dos primeiros a serem pensados para o Grupo, pela sua representatividade e perfil de companheiro equilibrado, de palavra sempre razoável, aliada a uma densa memória da Vila e das suas coisas.



Rafael Ramos Ferreira

O activo e simpático ‘Cabecinha’ não podia ficar de fora. É uma figura que se mistura com Paço de Arcos, objectivo deste Grupo. É um dos mais activos, participando sempre de modo criativo.


Mário Almeida

O Mário dispensa outras apresentações. É conhecido por toda a Vila pelo modo afectivo com que lida com as pessoas, o que, aliás, constitui a sua ‘imagem de marca’.


Jorge Tormenta

Talvez o elemento menos ‘visível’ do Grupo. Amigo e companheiro garantido, certamente que quem tenha memória de Paço de Arcos e das boas equipas de hóquei em patins, se lembrará do jovem Tormenta (entre outros neste Grupo).


José Nortadas

O Nortadas é um dos elementos do Grupo que apesar da sua juventude (no Grupo) tem somado já uma razoável actividade. A sua figura sempre presente em todas as ‘funções’ da Vila, falam por si.


Vitor Martinez

Outro Bardino que praticamente dispensa apresentações. A sua longa actividade cultural sempre á volta da Vila é sintomática. Uma das melhores aquisições do Grupo, que oferece garantias ao crescendo deste.


Fernando Sousa (Sampaio)


Talvez o Bardino mais emblemático. Conhecido como mentor de diversas obras (na sua Vila) só ao alcance dos predestinados, e pela amizade que a todos dedica. Figura ‘de proa’ a quem o Grupo augura grandes cometimentos Bardínicos.




Hélder Martins


A mais nova "aquisição" do grupo, mistura-se intimamente com Paço de Arcos. Com um reconhecido percurso de actividades relevantes para a Vila, os Bardinos não o podiam "perder". Garantirá, seguramente, a continuidade do Grupo e a merecida projecção da Vila, objectivo último d'Os Bardinos.



1 de junho de 2008

DIA MUNDIAL DA CRIANÇA






DIA DA CRIANÇA


No dia 1 de Junho celebrou-se o Dia Internacional da Criança, que a Câmara Municipal de Oeiras (e muito bem) fez coincidir com a manhã da “Marginal sem Carros”, naturalmente por ser Domingo.

Por lá andei, como habitual, constatando algumas evidências que quero partilhar convosco.

Mais importante, para este ‘blog’, é o facto indesmentível e verdadeiramente entusiasmante, pelo seu significado, de ser justamente no troço de Paço de Arcos que se verificou a grande aglomeração de passeantes. Da curva do Mónaco para Algés, a densidade populacional era cerca de 10/15% da que ia (no sentido inverso) até ao Saisa, em Santo Amaro. Extrai-se, sem dúvida, que Paço de Arcos é uma terra de eleição, o que nos confere força especial para a nossa ‘cruzada’ de elevação deste magnífico ‘burgo’.

A segunda evidência está relacionada com o comportamento do nosso grupo. Calcorreando toda a manhã o percurso autorizado, dei de caras com um Bardino, José Nortadas, de sua honra, e tive notícia de outro avistamento, o José Manuel Rodrigues, num universo de 10 Bardinos. Ou estou mal informado ou a ‘Bardinada’ está avessa á coisa importante da criança e do ar puro, o que nada abona em seu favor. Recomendação minha: deixem-se de sedentarismos para não nos obrigarem a ir aos vossos funerais. Já chega o que chega.

A terceira e última evidência é bem mais dramática e triste. Dei por mim a observar (e sem nenhum propósito, só mesmo ocasional) 4/5 situações de pais/mães a ralharem com os filhos de modo particularmente brusco (eventualmente até despropositado) neste dia que deveria ser especial para as crianças. Conclusão primária; estes indígenas estão muito mais preocupados consigo próprios do que com a descendência, que tem ar (para eles) de dispensável. Redundantemente, para mim ‘tão’ dispensados.

Última nota com o seu quê de nostálgico. Desta vez fui ‘abalroado’ um sem número de vezes por crianças (sempre desculpável, em particular neste dia), por biciclistas (n vezes), por pessoal distraído (???), “gajos e gajas” avulso, etc. (incluindo cães). Nunca tal me tinha acontecido. Será o preço da fama (?!?!?!).

Fernando Reigosa


30 de maio de 2008

OS BARDINOS EM FESTA





No passado dia 10 deste mês de Maio, o grupo juntou-se num jantar, seguido da assistência de uma peça de teatro, o que já tinha alguma tradição e que já há algum tempo não se realizava. Este jantar, como manda a tradição, é aberto excepcionalmente a todas as consortes (ou sem sorte) dos bardínicos, o que só acontece mais uma vez no ano, por altura do jantar de Natal.

Devido a este facto, e excepcionalmente também, o jantar teve lugar fora do local do costume, ou seja, Paço de Arcos, mas tradição é tradição!

Teve o repasto lugar n'"A Tasca do Zé Maria", localizada no Alto de Santo Amaro, em Alcântara, paredes meias com o local onde se assistiu à peça teatral, ou seja, a Academia de Santo Amaro.
Após o jantar assistimos todos à representação da peça "Em Busca da Revista Perdida", protoganizada pelos actores amadores do Grupo da Academia de Santo Amaro e encenada pelo nosso grande amigo Miguel Dias, numa representação com contornos de revista à portuguesa, com muita música, muitas piadas e que entreteve todos os que lotavam a sala do teatro.





Foi, na realidade, uma noite diferente e bem passada, e temos de agradecer a todos sem excepção nos terem proporcionado uma noite assim.



Obrigado e para o ano lá estaremos de novo, se assim tiver que ser.

28 de maio de 2008

PAÇO DE ARCOS E A SUA HISTÓRIA (01)


Iniciamos aqui uma série de textos soltos, ligeiros apontamentos que fomos respingando aqui e ali e que consideramos de algum interesse para darmos uma visão histórica, nas suas diversas vertentes, sociais e políticas, da vila de Paço de Arcos.

Serão textos não muito longos e esperamos não muito maçudos, que iremos publicando, sem qualquer cuidado cronológico, de autores diversos e aos quais faremos, sempre que isso nos seja possível, referência, que nos darão a todos um enquadramento histórico e principalmente social, desta vila.

Serão agrupados no tema “A História de Paço de Arcos” e no final, se o houver, teremos, na medida do possível, uma visão abrangente, discutível até em alguns casos, do que se passou nesta linda vila durante os séculos da sua existência.

Começamos, assim, com uns textos da autoria de duas escritoras, Branca de Gonta Colaço e Maria Archer, incluídos no seu livro “Memórias da Linha de Cascais” editado numa parceria A.M. Pereira, CMC/CMO. A edição é de 1943, portanto os nossos leitores ao lerem estes textos terão de os localizar nesse tempo, para a narrativa não estar deslocada.




Paço de Arcos
A antiga praia das supremas elegâncias


(Parte I)



Entre a linha-férrea e a avenida marginal, entre Caxias e Santo Amaro, alonga-se uma vila de recorte antigo a que um palácio do séc. XV deu nome e renome: Paço de Arcos.

Um povoado de fundação imemorial, minúsculo, outrora agrupado entre o agro saloio, quintas e hortas. Na época da construção do palácio haveria uns trinta fogos. O lugar mal branquejava sobre a veiga agricultada. Mas já no tempo do Marquês de Pombal a população subia a ponto de haver uma centena de fogos na aldeia.

Povoação de canteiros, de pescadores. Casario Humilde. O rio ainda no fim do séc. XIX atingia as casas que hoje ficam no centro da vila. Toda a parte da vila que se debruça sobre a avenida marginal tem uma situação de maravilha, vale por um miradouro de sonho sobre o azul do Tejo.

Passada a linha-férrea, na direcção das terras, há a encosta que domina a vila. Aí, numa posição privilegiada, Paço de Arcos vai-se alargando pelo bairro da Fonte de Maio. Arruamentos rectilíneos moradias janotas, estilo “Costa do Sol”, gosto modernista que se manifesta, claramente, na rebusca do ar, da luz, do panorama marítimo, da nota de cor dada pelas gelosias verdes e as sardinheiras vermelhas. O palacete dos Condes de Porto Covo, no alto dessa colina privilegiada, é um espécime acabado do moderno gosto urbanístico. Lembra um aduar (vivenda mourisca), construído para um árabe que tivesse feito em Paris a sua educação de bon vivant.

Paço de Arcos foi, há cinquenta anos, a rainha das praias do Tejo. Disso se envaidecia e orgulhava, pavoneando os seus pergaminhos de praia da moda com tão grande enfatuamento que parecia, mesmo, tê-los consigo desde a criação do mundo. Veraneavam ali, desde os meados do séc. XIX as famílias aristocráticas que não transigiam com a promiscuidade social. Mais tarde também se refugiavam na praia elegante todos os banhistas que abandonavam Pedrouços e as outras praias vizinhas de Lisboa, banhistas espavoridos com a invasão desses lugares pelos veraneantes da burguesia endinheirada.

Mas não tardou que Paço de Arcos também fosse invadido por essas camadas de recente lustro e tom, ansiosas de se aristrocatizarem com o trato da fidalguia. Do facto resultou a vila animar-se, movimentar-se, crescer, se não em beleza, pelo menos em tamanho. Jaime Artur da Costa Pinto, que foi um grande animador das praias do Tejo, conseguiu realizar, nessa altura, uma obra que encheu Paço de Arcos de orgulho – um parque à beira-mar e um casino à beira do parque. O casino foi inaugurado em 9 de Setembro de 1875, pelo Marquês da Fronteira. No seu edifício está agora instalada a sede social do Clube Desportivo de Paço de Arcos, casino a que tantas vezes foram príncipes e reis.






O parque tinha jeitos de jardim do género do Campo Grande de Lisboa. Servia para o passeio vespertino das beldades, que se mostravam em filas tagarelas e airosas, vestidas com os seus mais belos atavios, acompanhadas das mamãs e acolitadas pelos admiradores. Todavia, só as senhoras da burguesia se afoitavam à promiscuidade do passeio no parque. As outras, as da velha nobreza, fechavam-se em casa ou nos muros dos seus jardins antigos, curtindo nessa solidão a sua indignação e aborrecimento contra os violadores do aristocrático recanto. A cada nova família burguesa que se instalava em Paço de Arcos, aí comprava terreno e erguia casa, crescia a ira dos antigos frequentadores. Era mais uma que vinha a conspurcar o local sagrado. Partiram por isso para Cascais, formando na vila da cidadela uma outra praia da moda – e logo a burguesia rica as imitou, abandonando também Paço de Arcos por esse mesmo deslumbrante Cascais. A praia desdenhada passou então a ser preferida pelos veraneantes da pequena burguesia, que se lhe conservam fiéis e voltam todos os anos, galhardamente.



O antigo Casino de Paço de Arcos estava instalado num edifício que vemos agora, ao fundo do Parque, mostrando a sua larga varanda envidraçada. Era iluminado a gás. Uma pianista executava as valsas, as polcas, as mazurcas requeridas pela assistência. Nas quintas-feiras e domingos as noites eram de gala. Tocava nessas grandes noites um quarteto. As senhoras paramentavam-se a preceito, sendo considerado de muito bom gosto, nessas épocas, um vestido claro com saias de lã e blusa de seda.

Clube que deu brado no seu tempo. Fervilhava de intrigas, de despeitos, de mexericos. De tudo ali se murmurava – dos vestidos, dos namoros, das relações, dos parentescos, do que cada um era e do que queria parecer. Ao som das valsas enforcavam-se reputações ou garroteavam-se vaidades. Vespeiro de disputas que só o perpassar de gerações acalmou definitivamente.
in "Memórias da Linha de Cascais", de Branca de Gonta Colaço/Maria Archer, 1943


(Fim da Parte I)





20 de maio de 2008

OS BARDINOS



Meus amigos, estamos hoje a dar início a este ‘blog’, o qual pretende dar ‘a conhecer ao mundo’ a verdadeira dimensão da história e das coisas da mui nobre (digo eu) Vila de Paço de Arcos.

Há cerca de 5 anos um pequeno grupo de Paço-Arquenses (não tenham dúvida, é mesmo assim que se escreve) convictos decidiu organizar-se para recolher, mostrar e defender tudo o que possa ser considerado importante para a Vila.

Aqui poderão encontrar as linhas de conduta do Grupo Tertúlico “OS BARDINOS, as recolhas feitas, factos e imagens que fizeram a história aqui centrada, ao longo dos tempos.

A nossa intervenção será sempre pautada pela simplicidade e/ou, se quiserem, acções básicas e simplórias. Não estamos aqui para fazer, mas antes para ir pensando em fazer (síndroma alentejano?). É aquilo que somos.
Agradecemos desde já a intervenção que queiram fazer, o que só nos ajudará.





A estória (inicial)

O Grupo nasceu de uma ideia (peregrina) do João Barosa Pereira, pelos idos de 2002. Era sua pretensão juntar uns quantos paço-arquenses convictos (não mais que uma quinzena - muita gente junta não se salva, reza a sabedoria popular), para defender e promover a história da Vila e suas gentes. Neste propósito incluía-se determinada intervenção cívica em todas as frentes.

Para dar início consistente a esta ‘aleivosia’ desafiou o Fernando Reigosa, seu companheiro de antigos desvarios (coisas da juventude da época – anos 50/60), e que estaria mais ‘calhado’ para os indispensáveis aspectos organizativos.

Acordaram que, para dar verdadeiro início ás ‘hostilidades’, haveria que juntar uma meia dúzia de “indubitáveis” paço-arquenses, que partilhassem das mesmas ideias. Em contra-ciclo com as ‘determinantes’ democráticas vigentes na época, assentaram, como princípio básico e inultrapassável, que toda e qualquer decisão daí para o futuro só poderia ser tomada com a concordância de todos (sem uma voz contra).

Foram, então convidados o João Reis Lima (pelo João Barosa) e o António Castro (pelo Fernando Reigosa) que, juntamente com os dois ‘originais’, dirigiram convites ao António “Nicha” da Silva, Vitor Pestana e José Manuel Rodrigues. Estavam lançadas as bases.

Depois de diversas ‘reuniões’ de carácter informal, porque na fase embrionária do estabelecimento de ‘estruturas’ e ‘metodologias’ (vinícolas e outras), tais como designação, periodicidades e consolidação de objectivos, chegamos a Março de 2003, onde (ver acta 0), já com princípios pré-estabelecidos, se dá o real (formal) início deste Grupo.

Em genérico, o Grupo Tertúlico “OS BARDINOS, além dos princípios já enunciados (garantir e promover a preservação da história e das gentes de Paço de Arcos por todos os meios à disposição), tem por objectivo:

- homenagear anualmente, ao seu nível, uma personalidade que o Grupo entenda ter, relevantemente, elevado (ou protegido) o bom nome da Vila;

- participar anualmente, apoiando, numa actividade de carácter cultural (independentemente das interpretações da palavra);

- classificar os locais de reunião (vulgo restaurantes), os quais mandatoriamente têm que estar dentro dos limites físicos da Vila de Paço de Arcos, pelo seu desempenho na tripla vertente preço/qualidade/simpatia;

- compensar a “olímpica ‘pachorra’” das esposas, convidando-as a juntarem-se a duas das 12 ‘reuniões’ anuais, nas quais, obviamente (melhor fora), os temas de ‘trabalho’ estarão ausentes;
- e, missão central, promover por todos os meios, a divulgação da história e factos relevantes ao longo dos tempos da Vila de maior destaque no País (modesta opinião desta Tertúlia), e as intervenção e correspondente publicitação dos ‘ataques’ ás malfeitorias detectadas por qualquer dos magníficos Bardinos.

Enumeram-se agora alguns dos factos mais marcantes da vida do Grupo:
- em 2003, após sucessivas ausências, foram afastados (mais propriamente banidos) os (ex) Bardinos João Reis Lima e António Castro;

- em Janeiro de 2004, o Grupo admitiu o Bardino Rafael Ferreira, e em Junho o Bardino Mário Almeida;
- no Outono do mesmo ano foi ‘homenageado’ (em cumprimento estatutário - personalidade viva que os Bardinos considerem ter contribuído de modo significativo para o engrandecimento da Vila) o Joaquim Coutinho;

- em Maio de 2005 foi apresentado o novo Bardino Jorge Tormenta;

- no verão desse ano foi homenageado o muito querido Professor Coelho que demonstrou a extraordinária personalidade que era e uma enorme satisfação (gratidão) pela acção do Grupo;

- no início de 2006 foi apresentado o novo Bardino José Nortadas;

- em 24 de Agosto deste ano de 2006 faleceu o Bardino ‘primogénito’ João Barosa Pereira, razão pela qual foi cancelada a homenagem anual, cujo destinatário era o então Presidente da Junta de Freguesia, João Aguiam Serra. Não obstante o Grupo decidiu dirigir um convite ao então Comandante dos Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos, João Pimenta da Costa para mostrar o seu apreço àquela Instituição;

- em 2007 foram integrados dois Bardinos de vasto calibre, o Vitor Martinez e o Fernando ‘Sampaio’ Sousa (finalmente), e no dealbar do Outono foi homenageado o Carlos André, grande amigo e consistente político.

A história completa, pode ser acompanhada nas actas e outros documentos que irão estar á sua disposição, através dos tempos, neste “blog”.

10 de maio de 2008