2 de abril de 2010

CURIOSIDADES DO ANTIGAMENTE 09

PAÇO DE ARCOS FOI ASSIM!!!

Aqui há não muito tempo, chegou-nos às mãos, por mero acaso, um catálogo de uma exposição realizada pela CMO em 1995, denominada "PARA UMA HISTÓRIA DOS LAZERES NO CONCELHO DE OEIRAS", onde constam alguns textos dedicados à nossa vila.

Aqui ficam esses textos, acompanhados de algumas fotos que estão também incluídas nessa publicação, e que esperamos façam as delícias dos que os lerem, como o fizeram a nós.


A Av. Marquês de Pombal em Paço de Arcos -
um espaço de "reinação".
Reprodução fotográfica.
Bilhete postal nº 1864
Edição de Alberto Malva
Colecção Isidro Rodrigues Gomes



1.
OEIRAS (1906) 9300 HABITANTES Distrito de Lisboa

Vila situada a 14 quilómetros de Lisboa e onde existe o palácio do antigo marquês de Pombal. À beira do Oceano formou-se há pouco uma nova estância balnear muito aprazível denominada Santo Amaro. A dois quilómetros existe Paço de Arcos, que tira o seu nome dos arcos sob que assenta a fachada do sul do antigo palácio dos condes das Alcáçovas. É lugar seco, varrido pelo vento norte de Junho a Outubro, e sadio. Tem excelente praia de banhos, junto á Caldeira, em Paço de Arcos, mas toda a praia desde Caxias até à estação dos torpedeiros é segura e fácil para banhos. Os seus banheiros são experientes e de confiança, em geral bons nadadores, e alguns ainda descendentes do velho patrão Joaquim Lopes.



As tradicionais cavalhadas em Paço de Arcos,
na festa do Senhor Jesus dos Navegantes (1921)
Reprodução fotográfica.
Ilustração Portguesa, Lisboa, II
Série nº 814, 24/9/1921
Colecção Particular


2.
Principais lugares do concelho:

Paço de Arcos

Alfaiate: 1

Banheiros: 4
João Faustino Dias; Raimundo Baptista; Roque Maia; Viúva de Quirino Lopes;

Barbeiros: 3

Bilhar: Sala do Club de Paço d'Arcos

Casas de pasto: 3

Casino: 1

Cervejarias e confeitarias: 3

Escolas Oficiais: 1 sexo masc. com 1 professora; 1 do sexo feminino com 1 professora

Hospedarias: 2

Médico: 1

Mercearias: 5

Parteira: Maria Peixaranha

Farmácia: 1

Praça de touros

Sapatarias: 3

Sociedade de Recreio: Filarmónica: Sociedade Musical

Casino: (aberto durante a época balnear)

Teatro: Club de Paço d'Arcos

Anuário Commercial de Portugal (1905) Lisboa



Velas em regata frente a Paço de Arcos.
Reprodução fotográfica.
Bilhete postal
Edição Campos Pereira
Colecção Isidro Rodrigues Gomes


3.
Lisboa - 1.10.93

No dia 17 do passado o Clube Velocipedista de Portugal, realizou o passeio oficial em que tomou parte um grupo de sócios.

Do clube partiram às 7 horas e meia da manhã reunindo-se alguns sócios durante o trajecto até Paço de Arcos, onde ficaram os velocipedistas que tomaram parte nas corridas e os seus entroineurs, partindo somente para Cascais uns 20.

O almoço foi servido no hotel Bragance, e correu animadíssimo, sendo a cozinha preparada a capricho pelo snr. Mazery, proprietário do hotel e sócio correspondente do clube.

Em seguida ao almoço os velocipedistas dividiram-se em grupos partindo em diferentes direcções para ver os principais pontos de Cascais e arrabaldes, não se esquecendo de visitar a Boca do Inferno e a Guia. A retirada para Paço de Arcos fez-se à vontade ficando em Cascais somente o presidente da direcção que servia de controleur dos seniores, no local da volta a Paço de Arcos.

Em Paço de Arcos a comissão dos festejos, auxiliada pelo director do Clube Velocipedista, snr. Batalha, era incansável, dispondo e preparando tudo com uma atenção minuciosa, pelo que é digna dos maiores elogios.

Às 3 horas da tarde, em frente do Clube e no terraço via-se um mar de cabeças humanas, sendo difícil poder-se transitar. Uma mistura enorme de cores garridas dos trajes de corridas, azuis, brancas, amarelas etc., etc., que produziam um lindo efeito.

É uma das festas onde se encontram mais senhoras, que com a sua presença gentil abrilhantam uma corrida, considerada a que até hoje melhor recepção teve, cá pelos nossos sítios, podendo dizer-se que a aristocracia deu as mãos ao povo confraternizando na melhor harmonia.

Às 3 horas e meia oito corredores postados em duas fileiras esperam o sinal de partida dado pelo sr. Batalha.

Atenção! Um, dois, três!

Partem.

Entraram os snrs. José d'Orey, Carlos Basto, António Santos, Idumeu Rocha, Val Verde, Álvaro Gaia, Figueiredo e Alberto Borges de Sousa.

Chegaram a Cascais pela seguinte ordem: d'Orey, Pinto Basto, Figueiredo, Borges, Santos, Val Verde e Rocha, tendo desistido Gaia.

Na volta para regresso, Borges foi chocar com Figueiredo ficando o primeiro com a bicicleta sem poder seguir. Figueiredo seguiu, mas pouco mais adiante, no Estoril, passou por cima de um cão dando uma formidável queda que o inutilizou de prosseguir.

Chegam em primeiro lugar d'Orey, obtendo medalha de vermeil; 2°. Pinto Basto, medalha de prata; 3°. Santos, medalha de cobre.

Para a 2a. corrida apresentam-se os snrs. Del Negro, Francisco Anjo, O'Neill, Cândido Silva e João Marques, passando a Carcavelos (ponto em que voltaram pela seguinte ordem: Del Negro, Anjo, O'Neill e Silva e assim chegaram à meta, obtendo o 1º. medalha de prata e o 2°. medalha de cobre.

À noite foi a entrega de prémios, tendo a comissão convidado o snr. Aníbal Pinto a fazer a distribuição.

Colocaram medalhas, duas senhoras de Paço de Arcos, uma senhora banhista, o presidente do Clube e o presidente da Câmara, que era o presidente da comissão.

Foi uma tarde em que o sport velocipédico subiu alguns degraus do trono a que tem de ser elevado.

Reuniram-se mais de 60 velocipedistas, a maior parte montados nos seus corséis de aço que os trouxeram até Lisboa.

A. P.
"O Velocipedista " (1893)



Festa em honra do Senhor Jesus dos Navegantes,
em Paço de Arcos - Benção dos barcos (1955)
.
Reprodução fotográfica.
Jornal do Pescador, Lisboa, ano XVII, nº 201
Outubro de 1955
Colecção Particular


4.
Seguindo e passando a ponte de Caxias logo se me deparou novo quadro, outra gente, diversa vida e animação. Oh! lá está Paço de Arcos, o alegre, divertido e folgazão com sua vedeta avançada, o forte de Giribita [...].[...]Quem esqueceu já ou poderá esquecer nunca os lindos "soirées au clair de la lune", tão concorridos, festejados e divertidos?

Em vista de tão auspiciosa e encantadora perspectiva despedi imediatamente burro e burriqueiro seguindo a pé, e a fortuna de saco às costas e queijado na mão, qual peregrino errante, até ao mesmo forte, estância a mais favorita das elegantes que se banham naqueles mares; e vêm pela tarde passeando até ali, sentar-se e tomar fresco, espairecer a vista por outeiros verdejantes e refrescá-la sobre as águas do Tejo, ou derriçar.

D. José Continha de Lencastre (1868)





Colaboração do Bardino Vitor Martinez.

2 comentários:

Anónimo disse...

Sabe sempre bem ler e ver imagens duma terra que gostamos; uma coisa me chamou a atenção: fui morar para Paço de Arcos em Janeiro de 1969, e a muralha baixa era igual ao que está hoje, pela foto que se vê um pescador a reparar as redes de pesca, parece que a muralha era muito mais larga, o que é novidade para mim.
Cumprimentos, Feliz Páscoa para todos
Virgilio Miranda

Anónimo disse...

Já havia palmeiras na avenida à época destas fotos, que é também a minha. Felizmente houve quem mantivesse (e reforçasse) esta singular tradição africana, certamente em homenagem à nossa costela navegante. Um grande "bem-haja" para ele. Cumprimentos. Patrão Flopes.