
Foto: António PassaportePaço de Arcos – À volta do centro histórico e não só...
Volto novamente a este assunto, por estar a assistir impávido e quase sereno ao processo de alienação dum espaço cultural que devia ser de todos, para entrega a outros interesses que podem ser muito saudáveis mas que verdadeiramente não são do meu agrado. Folheando a mais recente edição do Oeiras Actual, transcrevo:
… bom exemplo disso mesmo, dessa transversalidade temporal que temos conseguido em termos identitários, é a recente inauguração das obras de reabilitação e ampliação do Palácio do Egipto na vila de Oeiras. Mais do que recuperar paredes (o que fizemos de facto), estamos empenhados em transformar este espaço num eixo central de uma zona criativa e informal, criando uma espécie de “bairro cultural“, onde cafés, música, bares, animações de rua, teatros e exposições, possam interagir entre si, e onde artistas emergentes possam experimentar e criar. Ressalvo que este projecto não é uma acção isolada, como é fácil perceber. Insere-se num mais vasto projecto de requalificação dos centros históricos do Concelho, no qual o património histórico de Oeiras se constituirá como mola impulsionadora do desenvolvimento local.
Continuando:
Assim, o novo Palácio do Egipto é, a exemplo do que sucedeu com o Palácio Anjos em Algés, com a Fábrica da Pólvora em Barcarena, os actuais trabalhos na Quinta Real de Caxias, ou com a aquisição do Palácio do Marquês, entre outros, um importante porta-voz desta nossa determinação política…
Mais ainda na Revista que celebra os 250 anos de existência do Concelho de Oeiras:
DINAMIZAÇÃO DO CENTRO HISTÓRICO DE OEIRAS
TRÊS MILHÕES E MEIO DE EUROS
INVESTIDOS NA REABILITAÇÃO DO PALÁCIO DO EGIPTO.
Em inglês:
BREATHING NEW LIFE INTO THE OLD TOWN OF OEIRAS
THREE AND A HALF MILLION
EUROS INVESTED IN THE
REHABILITATION OF THE PALÁCIO
DO EGIPTO (EGYPTIAN PALACE)
Sábias e doutas palavras que muito me envaidecem e alegram enquanto oeirense, mas que me fazem lembrar que também sou paçoarquense; onde estão os investimentos culturais em Paço de Arcos? Que vai ser do Palácio dos Arcos (nem uma linha sobre a existência deste valioso património da nossa vila)? A única coisa que posso constatar é que já está em curso o processo de degradação (é fácil, é barato, dá milhões). Depois é só dizer: como vêem não há outra solução senão alienar pelo melhor preço.
O Bardino Fernando Sampaio