PATRÃO JOAQUIM LOPES
1798-1890
1798-1890
UM GOLFINHO A BRINCAR POR ENTRE AS ONDAS?
Filho de pescador, nasceste nos finais do séc. XVIII, à beira-mar, no Algarve, em Olhão. Vais à escola, aprendes a ler, a escrever e a contar, mas aos dez anos já estás a ajudar o teu pai na faina da pesca e logo começas a tratar o mar por tu. Trepas ao mastro, ferras a vela, lanças e puxas as redes, limpas e lavas o convés, manejas remo e croque, mas o que mais impressiona os outros pescadores é a tua assombrosa forma de nadar, pareces um golfinho a brincar por entre as ondas.
Na tua família o dinheiro é escasso. Por isso, aos 19 anos, com a bênção dos teus pais, emigras para Gibraltar, em busca de melhor sorte. Mas não suportas o novo ambiente e, 11 meses depois, tornas a casa. Melhor dizendo: tornas à cabana dos teus pais.
Mais uns mesitos em Quarteira (Algarve) e partes para Lisboa. Dali vais para Paço de Arcos, frente à foz do Tejo, onde vivem muitos algarvios. Seduz-te o choque permanente entre as águas fluviais a abrirem passagem para o mar alto e as do oceano a quererem assaltar o leito do rio...
DE PAÇO D'ARCOS AO BUGIO
Na barra do Tejo há cachopos que afloram à superfície. Próximo da margem esquerda, há também um ilhéu rochoso-arenoso sobre o qual foi levantada a Torre de S. Lourenço da Cabeça Seca. Mas como o nome do ilhéu era Bugio, a fortificação passou a ser conhecida como Forte do Bugio. Sua função: guardar a entrada do Tejo. Mas dali nunca foi e jamais será disparado um tiro de ataque ou defesa, só de alarme. O Bugio acabará por ser convertido apenas em farol. Mas em 1820, quando tu arribas, no Bugio há uma permanente guarnição de 50 militares. E a única ligação que eles têm com terra firme, é a falua que faz a carreira Paço de Arcos - Bugio, ida e volta. Nessa falua vais alistar-te como remador. A soldada é apenas 12 vinténs, mal dá para comer. É por isso que arranjas trabalho complementar em canoas de pesca da barra. Pouco tempo depois consegues adquirir a tua própria canoa. Em consequência, começas a viver mais desafogado.
Durante as travessias da falua para o Bugio e da tua faina de pesca, observas atentamente as variações, quer de sentido, quer de intensidade, das correntes na barra, desde a praia-mar à baixa-mar. Observações mais do que vantajosas para aquela que virá a ser a tua vida.
Fim da Parte I
Texto de Fernando Correia da Silva
Colaboração do Bardino Vitor Martinez
Mais uns mesitos em Quarteira (Algarve) e partes para Lisboa. Dali vais para Paço de Arcos, frente à foz do Tejo, onde vivem muitos algarvios. Seduz-te o choque permanente entre as águas fluviais a abrirem passagem para o mar alto e as do oceano a quererem assaltar o leito do rio...
DE PAÇO D'ARCOS AO BUGIO
Na barra do Tejo há cachopos que afloram à superfície. Próximo da margem esquerda, há também um ilhéu rochoso-arenoso sobre o qual foi levantada a Torre de S. Lourenço da Cabeça Seca. Mas como o nome do ilhéu era Bugio, a fortificação passou a ser conhecida como Forte do Bugio. Sua função: guardar a entrada do Tejo. Mas dali nunca foi e jamais será disparado um tiro de ataque ou defesa, só de alarme. O Bugio acabará por ser convertido apenas em farol. Mas em 1820, quando tu arribas, no Bugio há uma permanente guarnição de 50 militares. E a única ligação que eles têm com terra firme, é a falua que faz a carreira Paço de Arcos - Bugio, ida e volta. Nessa falua vais alistar-te como remador. A soldada é apenas 12 vinténs, mal dá para comer. É por isso que arranjas trabalho complementar em canoas de pesca da barra. Pouco tempo depois consegues adquirir a tua própria canoa. Em consequência, começas a viver mais desafogado.
Durante as travessias da falua para o Bugio e da tua faina de pesca, observas atentamente as variações, quer de sentido, quer de intensidade, das correntes na barra, desde a praia-mar à baixa-mar. Observações mais do que vantajosas para aquela que virá a ser a tua vida.
Fim da Parte I
Texto de Fernando Correia da Silva
Colaboração do Bardino Vitor Martinez
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