O Zé Pracana, como os amigos o conhecem, companheiro de muitos Bardinos, nos tempos da adolescência, tornou-se uma autêntica enciclopédia do Fado, a verdadeira.
Duas histórias esclarecedoras:
- o primeiro Fado foi editado pela Casa Chinesa em 1904 (dixit);
- os característicos cachecol e boné, imagem de marca do Alfredo Marceneiro, foram ‘inventados’ para o Alfredo Duarte Júnior, seu filho, mas por ter gostado, ele apropriou-se dos ‘enfeites (idem).
Duas histórias esclarecedoras:
- o primeiro Fado foi editado pela Casa Chinesa em 1904 (dixit);
- os característicos cachecol e boné, imagem de marca do Alfredo Marceneiro, foram ‘inventados’ para o Alfredo Duarte Júnior, seu filho, mas por ter gostado, ele apropriou-se dos ‘enfeites (idem).
Esteve no “Câmara Clara”, segunda-feira dia 21 de Junho passado, a propósito da Candidatura Portuguesa do Fado a Património da Humanidade. Debitou conhecimentos, historietas, desfilou os nomes que mais o marcaram, um sem fim de detalhes que, talvez, mais ninguém ligado ao Fado poderá suplantar.
Açoriano, reza a sua biografia, cedo veio para Paço de Arcos, animando o pessoal no seu jeito trocista e brincalhão. Nesta matéria, fez parelha única com o Zé Arrobas. Frequentou com a maioria de nós o Liceu Nacional de Oeiras, onde foi activo participante nas ‘guerras’ Paço de Arcos/Oeiras.
Não referem, decerto por desconhecimento, mas já nesses tempos era um imitador extraordinário. Tudo imitava. O que nos dava mais gáudio era, ouvi-lo imitar os discursos dos políticos – Salazar, Américo Tomás, Marcelo Caetano, etc. Mas quem ele preferia era a Amália e o Marceneiro, de quem viria a tornar-se grande amigo (de ambos).
Também não refere a biografia, (http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/126844.html onde se pode ouvir uma belíssima imitação do Alfredo Marceneiro), que os primeiros contactos com o Fado (maior) foram nesta Vila com o Cavalo Malandro e o Fernando “Galo”, com quem acompanhou durante um tempo.
Falou dos nomes que lhe são mais caros: Alfredo Marceneiro (a arte fadista na sua essência), grande amigo e companheiro tal como João Braga (a melhor dicção), Conde de Sabrosa, Maria Teresa de Noronha, Lucília do Carmo, Carlos Ramos, Manuel de Almeida, os guitarristas Armandinho – seu mestre - e Martinho d’Assunção e Carvalhinho habituais acompanhantes de Alfredo Marceneiro, e também dos incontornáveis Toni de Matos, Carlos do Carmo, Amália Rodrigues, Hermínia Silva, Teresa Tarouca.
‘Pelas Ruas da Cidade’ em memória de todos os muitos amigos (como costuma dizer) que com ele calcorrearam as ruas e becos da grande Lisboa;
‘Campino’, porque gostava de ‘fugir’ para outros estilos, ou antes, dos temas mais tradicionais;
‘Um Fadista Já Cansado’, que se enquadra na perfeição com o Zé Pracana, e que pensamos ser o seu fado predilecto;
Muito mais haveria a dizer deste Paçoarquense adoptado. Nunca esqueceu a terra que o marcou no crescimento adolescente. Tive oportunidade de com ele conversar em Macau quando aí acompanhou o falecido Carlos Zel, em 1997, para uma série de espectáculos no afamado Clube Militar, e posso testemunhar que a sua memória desta Vila estava bem viva, perguntando por todos que por aqui com ele conviveram. Mas este não é o espaço nem o momento.
Como diria Vinícius De Moraes ‘SARAVÁ’ Zé.
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Terminamos com os versos da ‘Lenda das Rosas’, para consumo dos fadistas amadores (atenção Rafael e Sampaio):
Lenda das Rosas
Linhares Barbosa / Popular "Fado das Horas"
Repertório de José Pracana
Linhares Barbosa / Popular "Fado das Horas"
Repertório de José Pracana
Na mesma campa nasceram
Duas roseiras a par
Conforme o vento as movia
Iam-se as rosas beijar
Deu uma, rosas vermelhas
Desse vermelho que os sábios
Dizem ser a cor dos lábios
Onde o amor põe centelhas
Da outra, gentis parelhas
De rosas brancas vieram
Só nisso diferentes eram
Nada mais as diferençou
A mesma seiva as criou
Na mesma campa nasceram
Dizem contos magoados
Que aquele triste coval
Fora leito nupcial
De dois jovens namorados
Que no amor contrariados
Ali se foram finar
E continuaram a amar
Lá no além, todavia
E por isso ali havia
Duas roseiras a par
A lenda simples singela
Conta mais, que as rosas brancas
Eram as mãos puras francas
Da desditosa donzela
E ao querer beijar as mãos dela
Como na vida o fazia
A boca dele se abria
Em rosas de rubra cor
E segredavam o amor
Conforme o vento as movia
Quando as crianças passavam
Junto à linda sepultura
Toda a gente afirma e jura
Que as rosas brancas coravam
E as vermelhas se fechavam
Para ninguém lhes tocar
Mas que alta noite, ao luar
Entre um séquito de goivos
Tal qual os lábios dos noivos
Iam-se as rosas beijar.
Duas roseiras a par
Conforme o vento as movia
Iam-se as rosas beijar
Deu uma, rosas vermelhas
Desse vermelho que os sábios
Dizem ser a cor dos lábios
Onde o amor põe centelhas
Da outra, gentis parelhas
De rosas brancas vieram
Só nisso diferentes eram
Nada mais as diferençou
A mesma seiva as criou
Na mesma campa nasceram
Dizem contos magoados
Que aquele triste coval
Fora leito nupcial
De dois jovens namorados
Que no amor contrariados
Ali se foram finar
E continuaram a amar
Lá no além, todavia
E por isso ali havia
Duas roseiras a par
A lenda simples singela
Conta mais, que as rosas brancas
Eram as mãos puras francas
Da desditosa donzela
E ao querer beijar as mãos dela
Como na vida o fazia
A boca dele se abria
Em rosas de rubra cor
E segredavam o amor
Conforme o vento as movia
Quando as crianças passavam
Junto à linda sepultura
Toda a gente afirma e jura
Que as rosas brancas coravam
E as vermelhas se fechavam
Para ninguém lhes tocar
Mas que alta noite, ao luar
Entre um séquito de goivos
Tal qual os lábios dos noivos
Iam-se as rosas beijar.
Este ‘parlapié’ foi feito sob recomendação do Bardino Nortadas.
Saudades de Mil Lembranças
Homenagem a Marceneiro
Nota - Fotos e videos retirados da net, a cujos autores deixam aqui, Os Bardinos, os respectivos agradecimentos.
Colaboração do Bardino Fernando Reigosa.
2 comentários:
O Zé Pracana foi meu colega de turma, num dos meus 5ºs anos, e daquilo que a minha memória alcança, guardo dele um bom amigo e principalmente, a recordação daqueles tempos de liceu (e de turma), em que ele, juntamente com o Bagão (de capa e batina), punham a cabeça em água aos professores que tinham a desdita de nos dar aulas.
Era mais o tempo que estavam fora da sala de aula que lá dentro (pois a ordem de saída dos dois era muito rápida), mas quando por lá ficavam mais tempo, aquelas aulas eram um "terror" para os professores e faziam as delícias para a restante turma, que era um "pouco" mais contida.
Zé, se leres estas linhas, onde quer que estejas, de manhã, à tarde ou à noite, recebe um abraço de amizade, deste que se considera teu amigo.
Um abraço grande Zé Pracana do
Vitor Martinez
Tanto que não conheço desta terra que aprendi a considerar minha.
Obrigada
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