7 de dezembro de 2009

MONOGRAFIA DE PAÇO DE ARCOS (Apontamentos) 06

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Armas - Bandeira - Selo


Parecer acerca das armas, bandeira e selo da freguesia de Paço de Arcos, elaborado pela Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses, e aprovado em reunião de 20 de Dezembro de 1935:

Vila de Paço de Arcos, concelho de Lisboa, distrito de Lisboa.

Parecer apresentado por Afonso de Dornelas à Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses e aprovado em sessão de 20 de Dezembro de 1935.

A Junta de Freguesia de Paço de Arcos solicitou da Associação dos Arqueólogos Portugueses que lhe fossem estudadas as suas armas para poder ter o seu selo e a sua bandeira.

Esta antiga povoação foi elevada à categoria de vila em 9 de Dezembro de 1926, por decreto-lei nº. 12:783, em atenção ao seu importante desenvolvimento. A principal importância desta vila vem da sua bela praia balnear, considerada uma das melhores das proximidades de Lisboa.

O seu nome é devido ao mais antigo palácio ali construído, que tem dois torreões, entre os quais está um terraço sustido na frente por três arcos. O mar forma, em frente de Paço de Arcos, uma vasta enseada, o que torna a sua praia preferida por muitas famílias de Lisboa e de outros pontos próximos.

Foi em Paço de Arcos que estabeleceu residência e constituiu família o célebre Patrão Joaquim Lopes, salvador dos náufragos da barra de Lisboa, que nasceu em Olhão em 1800. Em 1820 entrou como remador para a falua do Bugio e iniciou então uma vida heróica e notabilíssima, salvando tripulações inteiras de navios portugueses, ingleses, franceses e espanhóis, pelo que foi condecorado, mais do que uma vez, por cada um dos Governos respectivos. Em 1866, foi-lhe dada, por distinção, a graduação de segundo tenente de marinha. Morreu com 90 anos, em Paço de Arcos, em 1890, tendo feito nesta vila toda a sua brilhantíssima carreira, tendo criado uma verdadeira escola de heroicidade, pois teve muitos e bons discípulos, e ainda hoje os seus exemplos fazem dos pescadores de Paço de Arcos valentes lutadores do mar.

Vejamos, pois, com estes elementos, como devem ser ordenadas as armas, bandeira e selo de Paço de Arcos:

Armas - De prata, com uma âncora de vermelho, carregada por um coração de ouro no cruzamento do cepo e acompanhada por dois golfinhos de negro realçados de ouro, que se afrontam em contra chefe, assentes num mar ondado de cinco faixas, três de verde e duas de prata. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres "Vila de Paço de Arcos", de negro.

Bandeira - Esquartelada de amarelo e de vermelho. Cordões e borlas de ouro e de vermelho. Haste e lança douradas.

Selo - Circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres "Junta de Freguesia de Paço de Arcos".

Como os principais esmaltes das armas são o ouro e o vermelho, a bandeira é amarela (que corresponde ao ouro) e vermelha. Quando destinada a cortejos ou outras cerimónias, a bandeira é de seda e bordada, devendo medir um metro quadrado. Quando é para arvorar, é de filele e terá dimensões julgadas necessárias, podendo neste caso dispensar as armas.

A prata, indicada para o campo das armas, é o metal que, na Heráldica, significa humildade e riqueza.

O vermelho da âncora simboliza vitórias, guerras, força, audácia e vida.

O ouro do coração e do realce dos golfinhos, é o metal que simboliza a Terra e significa firmeza, obediência e honestidade.

O verde das faixas representativas do Mar, é o esmalte que significa fé e esperança.

A âncora, além de simbolizar a vida do mar, simboliza também a esperança com que os heróis de Paço de Arcos seguiam, com risco da própria vida, para salvar a dos outros.

O coração de ouro simboliza este sentimento humanitário que tanto tem salientado os naturais desta Vila.

Os golfinhos, reis do mar, indicam a vida atribulada dos Pescadores.

O mar indica a importância da praia local.

E assim ficará bem simbolizada a história, a vida e a índole dos naturais de Paço de Arcos.


Palácio dos Arcos - Pintura de Elisiário Carvalho.





Texto de M.P. Videira em, "Monografia de Paço de Arcos (Apontamentos), 1947.




Colaboração do Bardino Vitor Martinez.


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