Paço de Arcos e o
síndroma “Picadilly”
Esta tem tantos anos que nem consigo contá-los.
Há, seguramente, meio século atrás, o Café “Picadilly” era o café da elite Paçoarquense assimilada. Porque no U da Praceta moravam, à volta de 50% das famílias, gente militar de altas graduações (o mínimo seria Capitão, coisa infame).
Ali se acoitavam as Senhoras quase todo o santo dia, juntando-se aos fins de tarde, fins-de-semana, e outras situações avulsas, os respectivos consortes (ou sem ela).
Igualmente outra gente que se achava para tal competente, ou se queria auto-promover, ia por lá aparecendo, ‘just in case’.
Vem isto a propósito de que na época vigorava um tipo de educação completamente desusada de hoje em dia (e não façam juízos de valor, porque não sei se melhor ou pior, só sei que diferente), que implicava entre outra quantidade inumerável de coisas, ter de estar em casa, OBRIGATORIAMENTE, antes da meia-noite, e, o que importa aqui, extremo cuidado com a linguagem.
Dizer ‘chiça’ em casa, equivalia a uma enormidade de castigos/penalizações, que nenhum puto quereria arriscar. Consequências muito sérias.
Um dos habituais frequentadores deste Café Picadilly, nas horas ‘off’, era um tal, bem conhecido em muitos quadrantes, General Homem de Figueiredo.
Esta personagem, com ar desabrido, algo labrego, mas de língua solta, que fazia o êxtase da pequenada, pela simples razão que tratava aquela gente, gajas e gajos, como nós entendíamos justo, e ainda por cima com a linguagem mais vernácula (e aqui é que estava o nosso gozo supremo) que é possível imaginar, e que nos era completamente vedada, até em pensamento.
Pois espantem-se gentes incrédulas, a reacção, que nos deixava com um misto de extremo regozijo e de espanto, a mulherada ria-se com o sublinhado invariável…. Ai Sr. General……………..
Ridículo. Mais ridículo ainda, se possível, era os companheiros de armas (?) corarem, ou dizerem …….então pá ………., virarem a cara, etc.
Raros eram os que davam um sorriso envergonhado.
Conclusão, aquela figura pró-labrego, atarracada e desabrida, tornou-se o herói da pequenada, “in no time”.
É, e não só por isso, um ícone esquecido desta terra.
Colaboração do Bardino Fernando Reigosa.
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