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Indústria
A actividade industrial desta vila foi, desde os tempos antigos, bastante considerável. Além de ser uma povoação de canteiros e pescadores, fazia a exploração de importantes pedreiras. Grande parte das cantarias empregadas nas obras de construção do Terreiro do Paço, obra grandiosa que se ficou devendo ao grande estadista Marquês de Pombal, o reedificador de Lisboa, foram extraídas do seu solo.
As imensas pedreiras que existem, desde a Ribeira da Lage até às margens do Jamor, são as provas imorredoiras desse facto. Mais tarde, foram também extraídas delas as cantarias com que Herrent construiu o famoso porto de Lisboa. Estas importantes pedreiras têm dado, através dos séculos, grande movimento industrial e comercial à terra.
No perímetro da freguesia existem as seguintes indústrias:
As imensas pedreiras que existem, desde a Ribeira da Lage até às margens do Jamor, são as provas imorredoiras desse facto. Mais tarde, foram também extraídas delas as cantarias com que Herrent construiu o famoso porto de Lisboa. Estas importantes pedreiras têm dado, através dos séculos, grande movimento industrial e comercial à terra.
No perímetro da freguesia existem as seguintes indústrias:
Fábrica "Couraça"
No extremo poente da vila de Paço de Arcos, nos terrenos que ficam entre a antiga estrada nacional n.º 11, hoje Rua Costa Pinto, e a linha férrea, está instalada uma fábrica de matérias-primas aromáticas, pertencente à Organização Portuguesa de Perfumarias «Couraça» e que é, não só a primeira que se montou em Portugal, como, em muitos dos seus aspectos, única no País. É, também, a mais importante de Portugal e uma das mais importantes da península.
Esta fábrica começou por funcionar num barracão que existe ao norte da linha férrea, conhecido por barracão da Vilalonga, onde foi instalada, em Outubro de 1928, pelos Srs. Hildebrando e Ismael de Borja Reis Teixeira, ao tempo gerentes da Organização «Couraça», com o fim de produzirem glicerina, pois que esta importante matéria-prima não se produzia, então, em Portugal e a organização, de que eram gerentes, consumia grandes quantidades para o fabrico dos seus dentífricos.
Começou por ser uma fábrica de sabão e glicerina, que, mais propriamente, se deveria intitular fábrica-Iaboratório e não simplesmente fábrica, uma vez que não se passou de experiências, embora de certo vulto.
Após diligências várias, a indústria da glicerina foi vendida à Companhia União Fabril e procedeu-se à primeira montagem da indústria das matérias-primas aromáticas.
Entretanto, deu-se o falecimento do Sr. Hildebrando Teixeira e a fábrica continuou girando sob o nome individual de Ismael Teixeira, tendo-se, então, dissolvido a firma Reis Teixeira (Irmãos), Limitada.
Em fins de 1938 deu-se a fábrica como montada e começaram os fabricos de óleos essenciais, os primeiros que se fizeram em Portugal. Logo nos princípios de 1939 foi iniciada a sua exportação para a Holanda e França.
Esta fábrica começou por funcionar num barracão que existe ao norte da linha férrea, conhecido por barracão da Vilalonga, onde foi instalada, em Outubro de 1928, pelos Srs. Hildebrando e Ismael de Borja Reis Teixeira, ao tempo gerentes da Organização «Couraça», com o fim de produzirem glicerina, pois que esta importante matéria-prima não se produzia, então, em Portugal e a organização, de que eram gerentes, consumia grandes quantidades para o fabrico dos seus dentífricos.
Começou por ser uma fábrica de sabão e glicerina, que, mais propriamente, se deveria intitular fábrica-Iaboratório e não simplesmente fábrica, uma vez que não se passou de experiências, embora de certo vulto.
Após diligências várias, a indústria da glicerina foi vendida à Companhia União Fabril e procedeu-se à primeira montagem da indústria das matérias-primas aromáticas.
Entretanto, deu-se o falecimento do Sr. Hildebrando Teixeira e a fábrica continuou girando sob o nome individual de Ismael Teixeira, tendo-se, então, dissolvido a firma Reis Teixeira (Irmãos), Limitada.
Em fins de 1938 deu-se a fábrica como montada e começaram os fabricos de óleos essenciais, os primeiros que se fizeram em Portugal. Logo nos princípios de 1939 foi iniciada a sua exportação para a Holanda e França.
Dentro de pouco tempo estavam conquistados mercados difíceis, como os Estados Unidos da América, Inglaterra, Checoslováquia, Palestina, Egipto, Brasil, etc.
Vista a dificuldade de abastecimento de óleo de eucalipto da Austrália, país principal produtor deste óleo, desenvolveu-se ao máximo o seu fabrico e, graças a esses esforços e à montagem de postos volantes de distilação e um grande posto fixo no Alentejo, a fábrica de Paço de Arcos conseguiu, com as suas exportações, fazer com que Portugal passasse de País não produtor para o segundo lugar dos países produtores de óleo de eucalipto em todo o mundo, lugar que, cremos, ainda hoje ocupa.
Graças às exportações das matérias-primas aromáticas produzidas em Paço de Arcos e às fábricas a elas ligadas, Portugal, hoje, quase que equilibra a sua balança comercial no ramo de perfumarias, devendo-se salientar que com esta indústria muito veio beneficiar a economia local e nacional.
De plantas sem valor algum, senão para camas de gado, extraem-se hoje produtos de real valor. Na apanha dessas plantas empregam-se centenas de portugueses, que desta actividade tiram o sustento próprio e o da família; essas plantas são classificadas por botânicos portugueses (estes manifestaram a sua surpresa e confessaram ser a primeira vez que uma entidade particular recorria aos serviços de botânicos).
O transporte emprega pessoal condutor e carregador português; o seu tratamento na fábrica é feito por portugueses, assim como portugueses são os técnicos que dirigem todo o trabalho e fazem as análises e controles químicos, e até o pessoal de escritório promove as vendas e trata das expedições.
A par disto, a totalidade do capital investido e que soma hoje milhares de contos só na fábrica de Paço de Arcos, é totalmente português. Trata-se, pois, de uma indústria 100 por cento portuguesa e cujos produtos são na sua quase totalidade (mais de 91 por cento) exportados para o estrangeiro. Os restantes 10 por cento são quase integralmente absorvidos pela Organização «Couraça» para os seus vários produtos de perfumaria e para os óleos compostos com que se perfumam mais de 50 por cento dos artigos de perfumaria que se vendem no Império Português.
Hoje, esta indústria é a mais importante de Paço de Arcos e veio empregar muitos filhos desta terra e fixar nela outros que de longes terras vieram. Além disso, a manipulação de tão grandes massas odoríferas, enche a vila de Paço de Arcos de um aroma agradabilíssimo, dando-lhe um ambiente e uma salubridade que nenhuma outra terra portuguesa tem.
Quer seja alfazema, tomilho, eucalipto ou rosmaninho que se distile na fábrica, o seu aroma é tão largamente espalhado, que os marítimos, mesmo de olhos vendados, saberiam que estavam em frente de Paço de Arcos, principalmente quando o vento sopra do norte, o que acontece nesta região na maior parte do ano. A situação da fábrica ao norte da vila mais facilita esta acção perfumística, que denuncia a localização de Paço de Arcos.
Vista a dificuldade de abastecimento de óleo de eucalipto da Austrália, país principal produtor deste óleo, desenvolveu-se ao máximo o seu fabrico e, graças a esses esforços e à montagem de postos volantes de distilação e um grande posto fixo no Alentejo, a fábrica de Paço de Arcos conseguiu, com as suas exportações, fazer com que Portugal passasse de País não produtor para o segundo lugar dos países produtores de óleo de eucalipto em todo o mundo, lugar que, cremos, ainda hoje ocupa.
Graças às exportações das matérias-primas aromáticas produzidas em Paço de Arcos e às fábricas a elas ligadas, Portugal, hoje, quase que equilibra a sua balança comercial no ramo de perfumarias, devendo-se salientar que com esta indústria muito veio beneficiar a economia local e nacional.
De plantas sem valor algum, senão para camas de gado, extraem-se hoje produtos de real valor. Na apanha dessas plantas empregam-se centenas de portugueses, que desta actividade tiram o sustento próprio e o da família; essas plantas são classificadas por botânicos portugueses (estes manifestaram a sua surpresa e confessaram ser a primeira vez que uma entidade particular recorria aos serviços de botânicos).
O transporte emprega pessoal condutor e carregador português; o seu tratamento na fábrica é feito por portugueses, assim como portugueses são os técnicos que dirigem todo o trabalho e fazem as análises e controles químicos, e até o pessoal de escritório promove as vendas e trata das expedições.
A par disto, a totalidade do capital investido e que soma hoje milhares de contos só na fábrica de Paço de Arcos, é totalmente português. Trata-se, pois, de uma indústria 100 por cento portuguesa e cujos produtos são na sua quase totalidade (mais de 91 por cento) exportados para o estrangeiro. Os restantes 10 por cento são quase integralmente absorvidos pela Organização «Couraça» para os seus vários produtos de perfumaria e para os óleos compostos com que se perfumam mais de 50 por cento dos artigos de perfumaria que se vendem no Império Português.
Hoje, esta indústria é a mais importante de Paço de Arcos e veio empregar muitos filhos desta terra e fixar nela outros que de longes terras vieram. Além disso, a manipulação de tão grandes massas odoríferas, enche a vila de Paço de Arcos de um aroma agradabilíssimo, dando-lhe um ambiente e uma salubridade que nenhuma outra terra portuguesa tem.
Quer seja alfazema, tomilho, eucalipto ou rosmaninho que se distile na fábrica, o seu aroma é tão largamente espalhado, que os marítimos, mesmo de olhos vendados, saberiam que estavam em frente de Paço de Arcos, principalmente quando o vento sopra do norte, o que acontece nesta região na maior parte do ano. A situação da fábrica ao norte da vila mais facilita esta acção perfumística, que denuncia a localização de Paço de Arcos.
(Outras Fábricas)
- Importantes oficinas de construção de máquinas de moagem, de Eduardo Gomes. Constroem carros e carroças. Fazem reparações em motores de explosão, máquinas a vapor, motos, cabeças para moinhos e bombas para poços, guindastes, etc. É nesta oficina que se fabricam os carros que o Socorro Social tem distribuído pelos pobres do País.
Tem serralharia mecânica e civil, carpintaria de moagens e de carrousseries, ferraria e bate-chapas, zincagem e estanhagem eléctrica, etc.
- A Selecção Apícola, de José B. de Campos Pereira, única no seu género em todo o País, tem a sua sede nesta vila, onde mantém uma manufactura de colmeias móveis e todos os utensílios apícolas, alguns dos quais, modelos da sua autoria, patenteados e aprovados pelo Posto Central de Fomento Apícola, do Ministério da Economia. Foi nomeado delegado da Comissão Regional de Apicultura, em virtude dos seus profundos conhecimentos da especialidade.
- Fábrica de Mosaicos, da firma F. B. Mendonça, Limitada.
- Fábrica de Serração de Madeiras, de Júlio Vitorino Assis & Irmão.
- Fábrica de Bolos, de Manuel Pinhanços, onde se fabricam os afamados «cacetes» e outros doces regionais.
- Fábrica de Refrigerantes.
Está em construção uma fábrica de esmalte, de Freire Gravador.
Paço de Arcos é, pois, um importante centro industrial.
Texto de M.P. Videira em, "Monografia de Paço de Arcos (Apontamentos), 1947.
Colaboração do Bardino Vitor Martinez.
2 comentários:
Excelente documentário, como sempre.
Umas sabemos de cor, outras estamos a (re)aprender.
Essencial para que a plebe se aperceba da real nobreza, perfumada, desta terra.
A outra História de Paço de Arcos
http://riapa.com.sapo.pt/focas.htm#li
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